sábado, 7 de maio de 2011

Ministério da saúde adverte: viver traz prejuízo à saúde



Cada dia mais os pesquisadores estão encontrando as possíveis causas que desencadeiam várias doenças no ser humano, e que podem ser fatais. Vamos comemorar? Em vários desses casos eu não vou. Recentemente surgiu um estudo que concluiu que café, sexo e assoar o nariz são gatilhos para derrames. Outro dia li a respeito da comprovação que o deprimido vê realmente o mundo mais acinzentado. Na televisão, com freqüência, tenho visto propagandas que aterrorizam mães através do temor de que germes e bactérias (aquelas que estão presentes no dia a dia e habitam a terra há milhares de anos) deixarão seus filhos doentes. Em uma delas a mãe se diz microbiologista, que lida com germes o dia todo, mas que não está sempre presente o tempo todo para proteger seus filhos desses organismos e por isso usa o sabonete X. A outra mãe recebe uma ligação urgente da escola, pois o filho estava com dor de barriga. O pediatra diagnostica infecção intestinal que ele pegou através das mãos. Quem salva essa mãe de tal “negligência”? O sabonete Y. Tem também um produto que tira manchas de roupas e que mostra os germes e bactérias se proliferando no cesto de roupa suja. Defendem a importância de usar o produto para se proteger. Sabem do que quero me proteger? De ser obtusa, de não saber rir, de não aproveitar as amizades, de não passear com minhas filhas. Quero me proteger dessa ilusão de que, se seguirmos determinadas cartilhas, teremos nossa sanidade e longevidade garantidas. Quero me proteger dos que me impedem de viver objetiva e subjetivamente. Vou continuar assoando o nariz, fazendo sexo, tomando banho com sabonete comum e me esquivando da contaminação dessa filosofia que prega catástrofes. Isso sim são germes e bactérias letais. Esses sim são campos muito férteis para a proliferação do medo de viver espontaneamente. Recentemente li na Superinteressante que os homens das cavernas cortavam o cordão umbilical a dentadas. Imaginem a higiene bucal do homem das cavernas, nem dá para imaginar. Esse “detalhe” não impediu a humanidade de continuar viva e continuar se reproduzindo. Pena que os da espécie dos “homideos catástrofes e os homideos economicus” também continuaram a se reproduzir . . . . . e sobreviveram.

3 comentários:

  1. Excelente texto!

    Hoje mesmo estava conversando sobre esse assunto com minha mãe, sobre como as pessoas ficam cheios de tremeliques pra evitar isso, evitar aquilo e acabam não vivendo de verdade!

    Concordo plenamente contigo, "Vou continuar assoando o nariz, fazendo sexo, tomando banho com sabonete comum e me esquivando da contaminação dessa filosofia que prega catástrofes".

    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Olá P.M,

    Que bom que você também valoriza a vida, assim é bem melhor. Obrigada.

    Abraços,
    Patrícia

    ResponderExcluir
  3. Que interessante Patricia!!! Esse texto, ja diz tudo no cotidiano! Parabens!!!

    ResponderExcluir