terça-feira, 10 de maio de 2011

A indústria do consumo x não para os filhos


É uma dura batalha. Teve um dia que eu disse para minhas filhas que: ou a mãe delas (que sou eu) era muito chata ou elas pediam coisas demais. Já devia ter sido o centésimo não do dia.
A indústria do consumo joga bem pesado. Além da quantidade de propagandas de brinquedos nos canais infantis ou mesmo na TV aberta eles se superam nas inovações. Apelam para a massificação e produzem brinquedos diversificados, com bastante apelo visual (super bonitos, muito brilho), cheio de botõezinhos e novidades que encantam. Eu mesma quando vou a uma loja de brinquedos fico fascinada com a diversidade, com a criatividade dos fabricantes. Tem de tudo para todos os gostos e tamanhos. Ser criança hoje, tem esse lado que é rico em estimulações, mas por outro não é fácil, tem opção demais. Será que conseguem absorver toda essa informação e o que vem junto com ela, principalmente as menorzinhas. Vamos imaginar uma criança com 3 anos de idade. Está assistindo desenhos e no intervalo vê a propaganda de um boneco que fala e que quando colocado no piniquinho faz xixi igual a ela. Chega na escola, no dia do brinquedo, e os colegas trouxeram várias coisas diferentes do que ela tem. O que será que passa na cabecinha dessa criança? Será que ela entende esse monte de opções e que só dá para ter algumas? Existem tantas opções que esse algumas parece tão pouco. Acho que a criança se frustra muito, sem necessidade, já que na maioria dos casos aquele brinquedo tão desejado é esquecido em 2 dias, é um prazer momentâneo que logo se esvazia. Cheguei a uma conclusão depois de tantos nãos e depois que minhas filhas cresceram um pouquinho. Os brinquedos são legais, mas nada substitui o contato humano, o afeto a troca. Pode ser a maior engenhoca do mundo, a criança percebe o vazio. Em um churrasco que fomos outro dia, nossas filhas eram as únicas crianças da turma, como elas iriam se entreter? Logo acima havia um parquinho de areia com balanço, gira-gira e outras crianças. Resultado: ficaram lá um tempão brincando com essas outras crianças, e eu e meu marido ficamos no quiosque conversando com os amigos (comendo e bebendo também), e quando fomos embora estávamos todos felizes. Encontramo-nos com pessoas agradáveis, trocamos afeto, reforçamos vínculos. As meninas trocaram experiências, exercitaram a criatividade e fizeram novas amizades. Ficaram muito bem. Não existe prazer momentâneo vindo de uma engenhoca toda linda e complexa que substitua ao prazer da troca e contato com o outro. Já me questionei sobre dar ou não diversas novidades do mercado e quanto mais o tempo passa mais vejo o quanto esses brinquedos não fizeram falta alguma no desenvolvimento afetivo e social delas.
Portanto, indústria do consumo, pode vir com suas novidades e engenhocas efêmeras. Encantam, mas também sei que tem algo mais importante que se cultiva todos os dias, os laços afetivos.

6 comentários:

  1. Alguém disse que o melhor dos bens é o que não se possui, ou seja, é infinita a capacidade da industria de responder a esta falta. Não que ela consiga, mas ela tenta. Vende a idéia de que a felicidade mora no objeto. Mas como seu texto não deixa esquecer...há outro modo de ser feliz!
    Cláudia R. Monteiro

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  2. É Cláudia, existe essa idéia que a felicidade mora no objeto e cada dia mais as pessoas no geral tem acreditado nisso.
    O outro jeito de ser feliz é tão mais simples.

    Beijos,
    Patrícia

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  3. Linda reflexão!

    Sempre tento mostrar isso pros meus pequenos (sobrinhos e afilhado)!
    Esses dias eu dei um conjunto de massinhas de modelar pro meu sobrinho e fiquei lá montando coisinhas com ele... Foi tão bom ver aquela carinha feliz!

    Abraços!

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  4. P.M. Com tantos apelos esquecemos que a simplicidade também é atraente e importante. Nela os vínculos se estabelecem mais fortes, são menos "enfeites".

    Abraços,
    Patrícia

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  5. Oi Patrícia,li alguns textos do teu blog...Nunca sucumbimos aos apelos consumistas da Maria Antônia. Desde a época que moramos nos EUA, acostumamos a MA a ir às seções de brinquedo das grandes lojas e supermercados e se fartar com os brinquedos olhando-os, testando quando possível e explicando que no aniversário, dia da criança, etc ela ganhará algum...Continua assim até hoje. E sabe qual a atividade preferida dela,além de, logicamente brincar com outras crianças? Desenhar e confeccionar os próprios brinquedos. Um abraço, Carolina ( de Goiânia, lembra?)

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  6. Carolina,

    Lógico que lembro de você. Obrigada por prestigiar. Que bom que vocês não sucumbiram aos apelos consumitas, são muito intensos.
    Parabéns pela filhota tão madura.

    Beijos,
    Patrícia

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