quarta-feira, 13 de abril de 2011

O exercício da coletividade


Foto: A.C. Ramalho
08/04/2011 - Memorial da América Latina

O homem por definição, em função de sua natureza é um ser dependente para sua sobrevivência desde os seus primeiros segundos de vida. E essa dependência do outro se mantém até o fim de nossas vidas, dependência tanto objetiva como subjetiva.
Quando éramos caçadores e coletores dependíamos de uma organização coletiva para que a subsistência fosse mantida. Todos os membros daquela organização tinham funções pré-definidas para garantir a continuidade da espécie.
Só que nos dias atuais essa dependência se mantém, mas completamente encoberta por um sistema que esconde essa realidade, que premia o indivualismo e que gera a ilusão de sermos auto-suficientes.
Começarei com um exemplo básico de sobrevivência, a alimentação: para que possamos garantir nossas refeições temos supermercados e restaurantes que fornecem para nós os alimentos. Só que na “correria” do cotidiano não refletimos em como isso chegou a nossas mãos. Teve alguém que plantou, alguém que colheu, alguém que distribuiu, alguém que armazenou, alguém que cozinhou, alguém que empilhou, alguém, alguém, alguém, alguém..... tem sempre alguém, nesse caso desconhecido, envolvido na nossa sobrevivência diária.
Porém o discurso vigente hoje é o quanto somos independentes, o quanto temos que alcançar sucesso, o quanto temos valor por nossas conquistas pessoais, nossas conquistas financeiras e muito ou pouco nenhum valor à coletividade.
Acho que existe um contrassenso que precisa ser esclarecido, não somos nada sem o outro, não somos nada sem a coletividade.
Pude vivenciar a beleza dessa coletividade em uma apresentação musical da escola em que minhas filhas (têm 7 anos) estudam. Desde o início do ano letivo de 2011 elas estavam ensaiando para uma apresentação e a escola não entrava em detalhes. Na sexta-feira entendi porque.
Simplesmente, no Memorial da América Latina, tinham em cima do palco pelo menos 350 crianças, de 5 a 11 anos, organizadamente compostas em 17 fileiras que cantaram 14 músicas compostas pela professora da escola em conjunto com alguns alunos. Todas, mas todas as crianças que estavam no palco, de forma parcialmente cadenciada (o que tornou a apresentação mais bonita, pois teve espaço para o natural), faziam os gestos e cantavam os refrões. Foi lindo, não só a apresentação, mas a representação do que a coletividade pode provocar no ser humano.
Parabéns à escola por promover tão belo espetáculo de coletividade como também parabéns às crianças que puderam em um pouquinho de sua existência, vivenciar um dos princípios básicos do ser humano, a coletividade, a importância de ter sintonia com o outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário