terça-feira, 7 de junho de 2011

Curtas: curiosidades do frio

Sempre gostei muito do outono, do inverno, do frio. Não por passar frio, mas porque via poesia nessas estações. O outono chegando, o céu escurecendo, as folhas caindo, davam sensação de troca, de tempo para aquietar, para que quando as estações mais brilhantes chegassem emergisse o que ficou hibernando. O inverno, para mim, sempre despertou fantasias de introspecção, o chocolate quente em baixo dos edredons. . . . .e mais um monte de significados subjetivos. Hoje, minha visão do frio está bem diferente, bem mais objetiva, e mudou já há alguns anos. Desde que tive minhas filhas o frio passou a ser ameaçador e também  trabalhoso para lidar com ele no dia a dia. Ameaçador porque minhas pequenininhas, como todos os bebezinhos, não falavam e muito menos sabiam reconhecer e nomear as sensação que sentiam. Sabiam resmungar e chorar para avisar que algo não ia bem. Nos dias frios, principalmente durante a noite quando a temperatura caía, me preocupava se elas estavam suficientemente agasalhadas e protegidas. Detalhe: como todos os bebezinhos e crianças pequenas, durante a noite elas se descobriam. Instintivamente passei a acordar de duas a três vezes durante a noite para ver se estavam cobertas, e raramente estavam. Meu sono era totalmente recortado. Elas iam para o berçário e ficavam  o dia todo, portanto, a mochila era tipo mala de viagem para uma semana. Hoje maiorzinhas, já se cobrem e sabem diferenciar as sensações, sabem me dizer se estão com frio ou calor. Agora já durmo a noite toda,  mas como é recente essa nova fase, ainda na minha memória está muito presente aquele levantar constante. Passei a não apreciar a vinda das estações frias por causa da preocupação em relação à saúde das minhas filhas. Por isso toda aquela poesia e encanto que eu via no frio foi por água abaixo. Ou seja, o meu instinto deu um "bico" nas minhas fantasias de instrospecção e colocou no lugar a sobrevivência, o afetivo de mãe. Interessante esse processo, como nos modificamos. Como mesmas coisas  podem ter significados tão diferentes ao longo de nossa vida. É óbvio? Sim. Mas acho que pouco paramos para refletir sobre esses significados, no que mudaram e seus porques. Confesso sentir certo saudosismo da minha visão romântica do inverno, mas o sentido agora é outro, nesse momento, não cabe mais. Talvez por isso me pergunte tanto: por que os esquimós se fixaram no pólo norte?

Um comentário:

  1. Eu nunca fui muito fã do frio, porque eu trabalhei muito tempo em feiras livres, e ñ importa se tava fazendo sol ou geando, lá estava eu trabalhando ao ar livre...

    Sou uma pessoa do verão! rs

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