quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O universo em expansão

Meus leitores, os poucos porém fiéis, devem estar se perguntando: ela mudou de área? Não, continuo introspectiva e procurando refletir sempre com as experiências do dia a dia. Por isso citei o universo, mas não aquele que Einstein fala, mas aquele que todos os dias carregamos: nosso eu, nossas experiências de vida, nossa história, a de nossos pais, avós, bisavós, a história da nossa terra, e principalmente o dia a dia, que tanto nos fala de nós e muitas vezes pouco damos ouvido. Já falei muito sobre a história que não é só nossa, mas tem também a história que construímos originalmente com nossas vivências e que essa deixará de ser só nossa a medida que a transmitimos para outros a nosso redor. Mais uma vez o paradoxo aparece com sua marca inconfundível: é uma história só nossa, porque a escrevemos. Porém não imprimirá marcas e modificações só em nós, mas também naqueles que nos cercam e amamos, principalmente marido e filhos. Então, por pouco tempo é só nossa, acho que somente quando brota, a partir daí torna-se livre (surpreendemente livre). Seus frutos, seus desdobramentos farão parte de outros também. Nossa, como é lindo!! Vou ilustrar para que não fique só em palavras somadas e sim para que meu pensamento se mostre vivo. Para tal tarefa acredito que a figura ideal é o transtorno obsessivo compulsivo. Imaginem uma pessoa que é aterrorizada, e que sabe disso, por um sentimento de destruição iminente caso não cumpra uma determinada ordem de tarefas, de passos e movimentos. Esse indivíduo fica escravo de uma rotina que não permite que faça nada diferente. É isso mesmo, fica escravo. É terrível. O que ele consegue criar de novo em seu dia a dia? O que ele sente de diferente que lhe solicita que modifique algo em si? Nada. A vida desse sujeito simplesmente paralisa. É como se todos os dias fossem iguais. Ele está vivo? É angustiante pensar nisso. Abre parênteses: já viram aquele filme "Feitiço no Tempo"? Advirto, contarei sobre o que versa, ajuda a fazer sentido na compreensão das ideias. O personagem principal acorda todos os dias no mesmo dia. Sabe exatamente a sequência de acontecimentos. No começo tenta mudar a ordem das coisas e não consegue. Depois tenta se matar e não consegue. Depois percebe que ao invés de modificar os fatos deveria modificar a si mesmo e fazer várias coisas que gostaria, usar melhor de seus dias todos iguais. Aprende a tocar piano, aprende a ouvir melhor as pessoas, a considerar o outro e é claro, hollydianamente, sai desse "coma" quando amadurece e conquista seu amor, com sua essência (ele se descobriu no período em que ficou "recluso"). Fecha parênteses. Não é porque as coisas são sempre iguais que não estão se modificando. Está aí o nosso toque de singularidade. Trabalhamos todos os dias, acordamos, levamos filhos para a escola, para suas tarefas, cuidamos da casa, da nossa família, etc. Essas são as tarefas objetivas, mas nossa expansão não está em mudar as tarefas e sim em transformar nossa essência diante delas. Só buscando novas coisas, dentro do universo do cotidiano, é que poderemos modificar algo, criar, inovar e expandir. Se sempre ficarmos em nossa bolha protegida é bem provável que sintamos tédio em nossas vidas. O tédio não é fazer sempre a mesma tarefa, mas fazê-la sempre com o mesmo eu de 20 anos atrás. Aí está a água parada, a que não se renova. A ausência de tédio é conseguir fazer as mesmas tarefas com modificações em si mesmo, o que resulta em novas coisas. Não é mais a mesma tarefa, é uma tarefa expandida, um universo que cresceu. Façamos o mesmo, mas diferente. Nos permitamos sentir novas coisas, coragem de modificar algo que parecia tão redondo. Esse redondo não precisa necessariamente ficar quadrado, triangular, hexagonal, pode continuar redondo, mas com um diâmetro muuuiiiitoooo maior. E que novas experiências surjam, que novos desdobramentos se mostrem e que possamos encarar Einstein e dizer que não é só o universo físico que está expansão, que o universo pessoal também, e que ele pode nos levar a lugares "onde o homem jamais esteve" (um toque de star trek para expandir) .....