Momentos de reflexão sobre o cotidiano do ser humano a partir do dia a dia que vivemos.
sábado, 25 de junho de 2011
O previsível e o imprevisível
terça-feira, 21 de junho de 2011
Curtas: O amor está no ar
Minha filha Feliz (7 anos) está mais feliz ainda. Descobriu-se enamorada de um Dom Juan (também com 7 anos) que corajosamente colocou em baixo de sua carteira na escola um bilhete: "eu te amo". Além de tal declaração esse jovem rapaz não deu-se por satisfeito e pedagogicamente pediu uma confirmação da reciprocidade: "se você me ama ponha um X no quadradinho". Feliz ficou tão radiante que pegou um papel toalha no banheiro e escreveu um bilhete: "te amo". Entregou-o ao rapazinho que, ligeiramente escreveu em baixo das palavras da amada: "eu também". Isso tudo em uma única manhã. Além de tal troca afetiva dos enamorados, Feliz compartilhou com duas colegas o recebimento do carinho. Recebeu conselho de uma delas que seria uma fria e a outra tratou de espalhar para todos da sala que estava havendo um romance. E mais, espalhou-se para todos os segundos anos, inclusive sua irmã Estrela ficou sabendo. Mesmo assim, com sua intimidade espalhada, Feliz disse-me: "mãe, eu não consigo tirar esse sorrizinho da minha cara". À noite esmerou-se para escrever um bilhete para o amado: "você quer conversar comigo no pátio?" Também me fez diversas perguntas sobre como é o amor, o que é o amor, o assunto começou a ficar complexo, mas mesmo assim tão desinteressado de enfeites, eram apenas correspondências, fiquei observando. Feliz, ao me relatar tão singelos acontecimentos, não deixava de colocar que seu Dom Juan também era diferente. No passado ela teve dificuldades com o ambiente social da escola (era outra) e agora algumas delas ainda persistem. Muitas vezes ela se interessa por coisas que outras crianças não, e não gosta de fazer parte de "panelinhas". Ela é na dela, inclusive é uma menina que não liga muito para a opinião dos outros, gosta do seu jeito e quando questionada diz gostar de si mesmo. Então, Feliz, com seu jeito peculiar de ser, em nenhum momento planejou algo ou fez algo intencionalmente para conquistar seu admirador. Sem esperar, recebe uma declaração explícita: "gosto de você do jeito que você é". Ela está radiante, com muito motivo, quem não quer isso para si? A começar pela auto-estima. Nos tempos atuais, gestos naturais de aceitação de como somos estão escassos. Temos protocolos para tudo e o politicamente correto muitas vezes mascara o que é na realidade. Hoje entoamos discursos de liberdade de ser, mas . . . . .isso acontece de fato? Temos liberdade de sermos diferentes do que esperam de nós e continuarmos a contribuir em nossa coletividade? Acredito que temos vivido muito para fora e pouco para dentro. Mostramos o que temos e o que sabemos fazer, mas pouco do que pensamos ou sentimos. É muito fácil acabar caindo naquele vazio do, quando se tem muito a perder porque não se tem nada. Só que enquanto isso, vou ter que pensar, refletir como mãe, observar a evolução dos acontecimentos e ao mesmo tempo admirar tal singela manifestação de carinho. Por isso coloco para os meus leitores o link do música "Love is in the air", para aproveitarmos esse momento em que o amor está no ar.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Curtas: Tempos modernos informatizados
Hoje fui ao Poupa Tempo renovar minha habilitação. Fiz todo o processo em uma hora e saí de lá esvaziada. O Poupa Tempo se aproximou muito do filme "Tempos Modernos" do Charlie Chaplin. O personagem fica apertando os parafusos em um movimento contínuo, sem mais perceber o que estava fazendo, não parava. Essa sistemática ritmada e sequencial foi desenvolvida por teorias da administração para que a produção fosse com o menor número de movimentos e com a melhor otimização do tempo. A teoria chamava-se (não sei se é assim ainda) tempos e movimentos. Bem, o Poupa Tempo implantou algo parecido para os procedimentos dos documentos. Em cada guichê para o qual se é encaminhado o atendente tem uma única tarefa a cumprir. Primeiro a checagem da documentação, depois o guichê que emite a guia, na sequência tirar a foto e digitais, pagar no banco, pegar a senha do exame médico, fazer o exame e voltar no guichê para pegar o protocolo. Os atendentes simplesmente executam, nada além disso. O guichê no qual eu mais demorei foi o da foto e das digitais. Como foram dos 10 dedos é demorado mesmo. Tive, então, oportunidade de observar a atendente. Sua fisionomia era de tédio, ela olhava para o computador, esperando carregar a digital para falar: "agora o outro dedo" e isso se repetiu por 10 vezes. Multipliquemos isso por, sei lá, uma média de 50 pessoas por dia (acho que é muito mais) e ela fala isso 500 vezes por dia e por semana 2.500 vezes. Na semana seguinte a contagem se repete: "agora o outro dedo" ou variações do tipo "novamente". Fiquei imaginando se um filho ou o marido, a mãe ou sei lá quem pergunta como foi o dia, o que aconteceu no trabalho, o que será que ela responde? Será que ela consegue sentir algo em relação a sua rotina? Não temos mais aqueles operários como no filme, mas a era da informática e das normatizações ajudam a manter a mesma mecanização. O que mudou? Agora estamos no século XXI. Indivíduos com pouco ou nenhum espaço para criar, para ter algo de si na tarefa, execuções totalmente mecanizadas. Inclusive, esse Poupa Tempo é enorme, cheio de gente. Tive uma sensação de estar em um curral bem grande, com aparente liberdade para pastar, mas . . . cada coisa em seu lugar. Lá dentro estávamos todos mortos como indivíduos. A diferença entre mim e os atendentes é que saí de lá e fui fazer outras coisas que me trouxeram vida. . . . . eles tem que viver essa morte todos os dias. Cruel.
domingo, 19 de junho de 2011
House, um deus grego?
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Q.I. - Quoeficiente de Inteligência, uma bobagem
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Furor Curandis
Há algum tempo eu ouvi de uma analista, de quem gosto muito que Freud já nos alertava sobre o furor curandis, a excessiva necessidade do analista curar seu paciente de seus sintomas sem dar ouvidos ao que ele quer. Muitas vezes esse é o desejo do analista, eliminar os sintomas, mas será que é também do paciente? Ontem, em um encontro psi falamos bastante sobre isso, não só no âmbito de nossos pacientes como também da relação cotidiana com as pessoas. Primeiro vou estabelecer o setting psicológico para a partir disso chegar ao cotidiano. Aos que não apreciam muito essa tragetória sugiro que pulem essa parte, e aos que não se incomodam ... vamos lá. Uma colega uma vez atendeu uma paciente com sintomas depressivos, traços obsessivos, com uma história de vida recheada de muito sofrimento, desde a mais tenra infância. O sofrimento de sua história transbordava na mesma medida dos sintomas que desenvolveu, principalmente os obsessivos. Ao mesmo tempo que relatava fatos de imenso sofrimento, pouco contato fazia com eles, se fixava muito no dia a dia, em como as coisas deveriam ser e o quanto ela não conseguia modificá-las para o que achava certo. Vivia muito sob a espada do certo e errado. Isso trazia sofrimento, sem dúvida, mas nem se comparava ao sofrimento que ela conteve durante tantos anos através dos mecanismos obsessivos. Os traços obsessivos a ajudaram a desenvolver-se e construir algo ao seu redor. Isso não quer dizer que as pessoas à sua volta não foram afetadas por seus sintomas, é claro que sim. Mas também foram construídos solos férteis, com áreas inférteis, e lugar para crescimento onde outras coisas puderam surgir. O que minha colega fez não foi escancarar para a paciente que seus sintomas depressivos e seus traços obsessessivos eram doença e por isso precisavam ser curados. Ela a ouviu, tentou entender o ela queria, muitas vezes nem o paciente tem essa clareza, e a ajudou, andou junto na trajetória, no caminho que a paciente estabeleceu. Nesse caso, a paciente queria sofrer menos no dia a dia. Seus traços obsessivos se mantiveram, menos intensos, seus surtos de fúria findaram. Hoje ela sofre menos até porque seus sintomas perderam intensidade, mas, de outra forma se mantém já que foram desenvolvidos, por ela, para lidar com vida. Sua história sofrida continua lá, não quer mexer, dói demais. Ela hoje está bem, à sua maneira. De acordo com o senso comum, não, mas de acordo com ela, sim. É uma história muito bonita, a natureza humana foi preservada.
Farei agora o transporte dessa experiência analítica para o cotidiano e nossas relações pessoais. Trabalhamos em empresas, vivemos em sociedade, o coletivo faz parte de nossa natureza (deveríamos saber lidar com ele) mas o tempo todo buscamos transformar o que está a nossa volta de acordo com o nosso desejo. É difícil aceitar a natureza daquilo que é. Um clássico exemplo é o ambiente corporativo. Uma empresa tem uma filosofia própria, um jeito próprio para lidar com seus processos fabris, comerciais, administrativos e com os que nela trabalham. Só que o que mais acontece dentro desses ambientes é as pessoas tentando mudar o modo de funcionamento da empresa para como acha que é melhor. Tentam mudar os colegas de trabalho na busca ilusão que o ambiente adapte-se ao seu jeito, e não o contrário, adpatar-se ao ambiente. É um esforço inútil, e tal como o analista que teima que o paciente tem que fazer o que ele acha, o indivíduo também tenta isso no seu dia a dia. O ser humano tem em sua natureza primária uma pré-potência intensa, um egoscentrismo primário, afinal, nascemos tão desampardos, se o outro não cuidar de nós morremos. Entrar em contato com isso é muito assustador. Porém à medida que nos desenvolvemos, que vamos tendo mais autonomia, essa pré-potência diminui para dar espaço para a natureza do coletivo. Fazia parte da sobrevivência não estacionar no modelo egocêntrico, precisávamos nos tornar seres coletivos, o bando precisava e nós e nós do bando. Só assim continuaríamos sendo parte de um bando e sobreviveríamos. Só que a sociedade de hoje não nos proporciona, não nos solicita mais (ilusoriamente) que nos tornemos seres coletivos e com isso corremos o risco de estacionarmos no modelo pré-potente e egocêntrico de nossa natureza. Hoje as famílias não reforçam mais a necessidade do quid pro quo, quando os filhos já desenvolveram certa autonomia. Não estabelecem esse limite: fiz e continuarei a fazer a minha parte, agora chegou a hora de você começar a fazer a sua. Não é abandonar, nem deixar de se preocupar, é muito mais que isso, é deixar crescer e desenvolver-se de acordo com a sua natureza. Como é gostoso aquele bebezinho, aquele serzinho que depende nós. Nos sentimos tão potentes, tão importantes e assim nos distanciamos de como somos impotentes e talvez menos importantes do que nosso egocentrismo gostaria. Tal qual o analista que só se vê bom quando retira o sintoma do paciente, o indívduo só se sente potente quando muda o ambiente. Será que nossa potência tem sempre que estar ancorada em grandes feitos? Será que nossa potência não é, todos os dias, nos relacionarmos com o outro conciliando como somos e como o outro é? Vale pensar.
Farei agora o transporte dessa experiência analítica para o cotidiano e nossas relações pessoais. Trabalhamos em empresas, vivemos em sociedade, o coletivo faz parte de nossa natureza (deveríamos saber lidar com ele) mas o tempo todo buscamos transformar o que está a nossa volta de acordo com o nosso desejo. É difícil aceitar a natureza daquilo que é. Um clássico exemplo é o ambiente corporativo. Uma empresa tem uma filosofia própria, um jeito próprio para lidar com seus processos fabris, comerciais, administrativos e com os que nela trabalham. Só que o que mais acontece dentro desses ambientes é as pessoas tentando mudar o modo de funcionamento da empresa para como acha que é melhor. Tentam mudar os colegas de trabalho na busca ilusão que o ambiente adapte-se ao seu jeito, e não o contrário, adpatar-se ao ambiente. É um esforço inútil, e tal como o analista que teima que o paciente tem que fazer o que ele acha, o indivíduo também tenta isso no seu dia a dia. O ser humano tem em sua natureza primária uma pré-potência intensa, um egoscentrismo primário, afinal, nascemos tão desampardos, se o outro não cuidar de nós morremos. Entrar em contato com isso é muito assustador. Porém à medida que nos desenvolvemos, que vamos tendo mais autonomia, essa pré-potência diminui para dar espaço para a natureza do coletivo. Fazia parte da sobrevivência não estacionar no modelo egocêntrico, precisávamos nos tornar seres coletivos, o bando precisava e nós e nós do bando. Só assim continuaríamos sendo parte de um bando e sobreviveríamos. Só que a sociedade de hoje não nos proporciona, não nos solicita mais (ilusoriamente) que nos tornemos seres coletivos e com isso corremos o risco de estacionarmos no modelo pré-potente e egocêntrico de nossa natureza. Hoje as famílias não reforçam mais a necessidade do quid pro quo, quando os filhos já desenvolveram certa autonomia. Não estabelecem esse limite: fiz e continuarei a fazer a minha parte, agora chegou a hora de você começar a fazer a sua. Não é abandonar, nem deixar de se preocupar, é muito mais que isso, é deixar crescer e desenvolver-se de acordo com a sua natureza. Como é gostoso aquele bebezinho, aquele serzinho que depende nós. Nos sentimos tão potentes, tão importantes e assim nos distanciamos de como somos impotentes e talvez menos importantes do que nosso egocentrismo gostaria. Tal qual o analista que só se vê bom quando retira o sintoma do paciente, o indívduo só se sente potente quando muda o ambiente. Será que nossa potência tem sempre que estar ancorada em grandes feitos? Será que nossa potência não é, todos os dias, nos relacionarmos com o outro conciliando como somos e como o outro é? Vale pensar.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Curtas: curiosidades do frio
Sempre gostei muito do outono, do inverno, do frio. Não por passar frio, mas porque via poesia nessas estações. O outono chegando, o céu escurecendo, as folhas caindo, davam sensação de troca, de tempo para aquietar, para que quando as estações mais brilhantes chegassem emergisse o que ficou hibernando. O inverno, para mim, sempre despertou fantasias de introspecção, o chocolate quente em baixo dos edredons. . . . .e mais um monte de significados subjetivos. Hoje, minha visão do frio está bem diferente, bem mais objetiva, e mudou já há alguns anos. Desde que tive minhas filhas o frio passou a ser ameaçador e também trabalhoso para lidar com ele no dia a dia. Ameaçador porque minhas pequenininhas, como todos os bebezinhos, não falavam e muito menos sabiam reconhecer e nomear as sensação que sentiam. Sabiam resmungar e chorar para avisar que algo não ia bem. Nos dias frios, principalmente durante a noite quando a temperatura caía, me preocupava se elas estavam suficientemente agasalhadas e protegidas. Detalhe: como todos os bebezinhos e crianças pequenas, durante a noite elas se descobriam. Instintivamente passei a acordar de duas a três vezes durante a noite para ver se estavam cobertas, e raramente estavam. Meu sono era totalmente recortado. Elas iam para o berçário e ficavam o dia todo, portanto, a mochila era tipo mala de viagem para uma semana. Hoje maiorzinhas, já se cobrem e sabem diferenciar as sensações, sabem me dizer se estão com frio ou calor. Agora já durmo a noite toda, mas como é recente essa nova fase, ainda na minha memória está muito presente aquele levantar constante. Passei a não apreciar a vinda das estações frias por causa da preocupação em relação à saúde das minhas filhas. Por isso toda aquela poesia e encanto que eu via no frio foi por água abaixo. Ou seja, o meu instinto deu um "bico" nas minhas fantasias de instrospecção e colocou no lugar a sobrevivência, o afetivo de mãe. Interessante esse processo, como nos modificamos. Como mesmas coisas podem ter significados tão diferentes ao longo de nossa vida. É óbvio? Sim. Mas acho que pouco paramos para refletir sobre esses significados, no que mudaram e seus porques. Confesso sentir certo saudosismo da minha visão romântica do inverno, mas o sentido agora é outro, nesse momento, não cabe mais. Talvez por isso me pergunte tanto: por que os esquimós se fixaram no pólo norte?
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Medicina sexista?
domingo, 5 de junho de 2011
Curtas: Woody Allen
Recentemente li uma notícia sobre o próximo filme do Woody Allen, "Meia noite em Paris". O que me chamou bastante atenção foi a declaração do cineasta que transcreverei na íntegra, porque espelha muito de sua personalidade e mostra, no caso dele, o processo criativo que normalmente os geniais tentam colocar sob uma "aura" de obscuridade. Woody Allen disse: "Eu não sabia o que ia escrever. Sabia que ia fazer um filme em Paris. Pensei em um título que adorei - 'Meia-noite em Paris', que sugeria muito romance -, mas não sabia o que iria acontecer à meia-noite em Paris. Passaram meses e eu não pensava em nada [da história]. E então me ocorreu que, um dia, alguém estaria andando nas ruas, um carro aparece, alguém de dentro grita 'entre' e o leva para um lugar diferente. Tive sorte que desta vez pensei em algo. Mas poderia não ter pensando em nada - e ter de mudar o título para outra coisa." Woody Allen é assim, em seus filmes ele retrata o cotidiano, o simples, que não são tão simples e que fazem parte. No cotidiano não há relações sem conflitos e confusões, existem zilhões de perguntas sem respostas, e muitas dúvidas sobre o desenrolar dos acontecimentos e de nossas escolhas. Sua declaração mostra isso, escolheu um título e nem sabia como seria o conteúdo. O início de um processo criativo não nessariamente é algo com raízes obscuras, em que o autor mergulhou em pesquisas ou em si mesmo e a partir de então a "grande obra" surgiu. Para Woody Allen o processo criativo também é algo corriqueiro e espontâneo. Gostou de um título....... um dia algo surgiu que cabia, que bom. Simples. Seus filmes são assim. Falam das pessoas, suas dúvidas, suas dificuldades, de maneira tragicômica (a vida é assim) e bem realista (no sentido de espelhar o processo que ocorre na realidade). Seus filmes espelham uma realidade das relações mais desnudada, rotineira, e não é por isso que são monótonos. Pelo contrário, trazem alívio, nos vemos como "normais", porque consciente ou inconscientemente nos identificamos com seus personagens confusos. Ele tem essa capacidade, seus personagens são sempre cheios de conflitos, têm dificuldades de tomar decisões, aprisionados em situações que não querem mais e não que conseguem se desvenciliar. Woody Allen tem a genialidade cotidiana. Nos deixa confortáveis em nos sentirmos como seus persongens, deixa de lado o conceito moral de certo e errado e mostra a aparente simplicidade e complexidade dos conflitos humanos. Dia desses vi já começado um filme seu no qual o personagem principal era um escritor que buscava seu espaço e que tinha muita dificuldade em colocar para o outro o seu desejo, sempre abria mão de si mesmo. Uma das situações era com seu analista, que já há dois anos frequentava e nunca tinha ouvido uma palavra dele enquanto deitado no divã divagava sobre sua vida. Já no fim do filme, esse escritor conseguiu finalmente tomar decisões por si próprio e mudar várias coisas em sua vida e pergunta ao analista: "o que você acha disso"?. O analita devolve a pergunta: "o que você acha disso?". Identifiquei-me na hora, tanto como analista como analisanda, acontece comigo frequentemente tanto de um lado como de outro. A cena foi tão isenta de enfeites, de brocados, é assim que acontece mesmo, é a vida como ela é. Woody Allen tem essa habilidade especial. Nos mostra o cotidiano, os nossos conflitos de maneira tão natural que por fim nos sentimos tão bem ao assistir seus filmes. Nos sentimos nós e isso faz muito bem.
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